ARMADILHAS

polly.
1 min readJun 13, 2016

Da primeira vez que caí em uma armadilha foi em um sorriso. Parecia pequeno, de canto. Monalisa. Achei que era rasinho. Foi aí que ele se abriu em uma gargalhada, seus dentes refletiram na luz e não enxerguei mais nada. Perdi o equilíbrio e caí feito o hífen de paraquedas depois da nova ortografia. Mas voltei à superfície.

Na segunda vez, achei que já estava preparada. E nem percebi quando olhei direto naqueles olhos escuros. Eram de um tom de noite quente, daquelas de interior, quando o céu não tem nenhuma nuvem e as estrelas saem de férias. Tarde demais para desviar. Eram tão profundos que parecia que não tinham fim. Mas tinham. Depois de uma longa queda, caí em mim.

Bom, na terceira armadilha eu já conhecia todos os truques. Quando vi aquelas mãos pequenas, não me deixei levar. O problema foi quando senti seu toque. Elas me convidaram para um passeio que parecia breve. Porém, me perdi entre seus dedos. O caminho de volta não tinha GPS. Mas consegui voltar.

Na última vez, não teve erro. Eu já sabia. Quando vi seu sorriso, seus olhos e suas mãos, eu já estava treinada. Nem hesitei. Eu já conhecia o caminho. Não caí: me joguei. Dessa vez pra não voltar nunca mais.

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